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Histórias que contemplam o Edital Juntos por Brumadinho

Histórias que contemplam o Edital Juntos por Brumadinho

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Equipe RENSER e lideranças da comunidade do Córrego do Feijão conversam sobre o Edital Juntos por Brumadinho

A campanha Juntos por Brumadinho foi criada pela Arquidiocese de Belo Horizonte com o intuito de arrecadar doações para as comunidades impactadas pelo rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale S.A. Em linhas gerais, logo após o início deste crime-tragédia, a Arquidiocese de Belo Horizonte abriu uma conta bancária para operacionalizar a arrecadação destas doações. O valor arrecadado foi destinado à grupos de atingidos e atingidas da bacia do rio Paraopeba na forma de projetos de até 25 mil reais. 

Mais detalhadamente, visando efetuar a destinação destes recursos ao público alvo acima citado, a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER), responsável pelo acompanhamento das comunidades do Vale do Paraopeba e, por conseguinte, pela campanha Juntos por Brumadinho, lançou, em parceria com o Vicariato para a Ação Social, Política e Ambiental (VEASPAM), o Edital Juntos por Brumadinho, que apoiou projetos elaborados por comunidades indígenas, camponesas, urbanas, quilombolas, etc. afetadas pelo mar de lama despejado em Brumadinho e no rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019.

Através deste Edital, 47 coletivos apresentaram propostas de projetos para fortalecerem suas comunidades e se desenvolverem nos âmbitos econômico, ambiental, cultural e social, sendo 29 deles selecionados para serem apoiados com os recursos arrecadados. O Edital Juntos por Brumadinho foi lançado pela RENSER no dia 25 de junho de 2020 e 29 projetos foram aprovados. Trata-se de uma iniciativa que visa contribuir para a superação da minério-dependência na bacia do rio Paraopeba, através da promoção de apoio às experiências de base protagonizadas pelas diversas comunidades que vivem nesta região.

A Cáritas Brasileira - Regional Minas Gerais também se fez presente na construção do Edital, sendo representada por Anna Crystina Alvarenga, que atuou diretamente em todo o processo. Segundo ela: “O Edital é uma forma de garantir que as doações sejam direcionadas para as comunidades e por meio de uma autogestão, com objetivo de promover esperança e ser semente na vida dessas pessoas”.

“O estrago que a Vale causou para os atingidos e atingidas possivelmente nunca será totalmente reparado, porque ele se renova todos os dias na negação do direito dessas pessoas. Os projetos, financiados pelo Edital Juntos por Brumadinho, é uma forma de valorizar o desejo e os talentos das pessoas, e isso é proporcionar um alento, mais que isso, uma força extra para se reerguer e continuar na luta.” Anna Crystina, Cáritas MG.

A iniciativa do Edital, de acordo com um dos integrantes da equipe da RENSER, Marcelo Barbosa, é importante para as comunidades, pois elas mesmas irão executar os projetos, o que contribui para a construção de autonomia e para o desenvolvimento coletivo. Segundo Marcelo, “Além disso, se trata de um recurso que é fruto de doações e que não veio de nenhuma mineradora, o que reforçará a independência das comunidades para com a Vale S.A.”.

“O Edital conseguiu atingir uma diversidade de territórios e comunidades de Brumadinho e outros municípios da bacia do Rio Paraopeba, ou seja, teve um alcance muito amplo e a expectativa é mostrar para as comunidades que existem outras possibilidades para o seu desenvolvimento socioeconômico além da mineração.” Marcelo Barbosa, equipe RENSER.​

Entre os projetos contemplados pelo Edital está o intitulado Horta Medicinal para Mulheres, do Instituto Grupo de Apoio à Pessoa Humana, que de acordo com a Vilma dos Reis, enfermeira que possui experiência no assunto e faz parte do projeto, “tem a finalidade de trabalhar a ancestralidade e tratar o adoecimento por meio das plantas”. Esta foi uma das muitas propostas que nasceram de uma necessidade ou interesse comum dos membros das comunidades, sendo uma pauta sustentável e que incentiva a autonomia e o desenvolvimento dos indivíduos para além da mineração.

“Eu trabalhei a vida inteira com as plantas medicinais, cresci assistindo minha mãe, avó e bisavó fazendo tratando com as plantas e os resultados são positivos. Então fiquei muito feliz com o edital, porque não me sentia capaz de montar um projeto e, com essa iniciativa, eu tive a ajuda necessária para criar um que contempla mais mulheres com potencial na área. Eu quero muito passar o que eu sei e aprender mais, minha expectativa maior é de levar e receber conhecimento.” Vilma dos Reis, Instituto Grupo de Apoio a Pessoa Humana.

Outros exemplos de projetos apoiados pelo Edital Juntos por Brumadinho foram os que em sua construção contaram com participação protagonista de Nair Silva, moradora da comunidade quilombola de Marinhos (Brumadinho). Mais detalhadamente, tratam-se: de dois projetos que visam a aquisição de vestuário para as Guardas de Congo de São Benedito e de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário, que contam com a participação de moradores dos quilombos de Sapé, Marinhos, Rodrigues e Ribeirão, em Brumadinho; e de um projeto cujo objetivo é o fortalecimento, através da aquisição de equipamentos e da promoção de espaços de formação, do grupo de mulheres bordadeiras das comunidades quilombolas acima citadas. 

“Eu fiquei muito feliz e surpresa quando soube que fomos aprovados porque não tivemos nenhuma oportunidade assim antes, nunca tivemos essa chance. Não temos conhecimento nessa área de realização de projetos então é maravilhoso que tenham lembrado de nós, pois pelo racismo e preconceito por sermos quilombolas nós somos esquecidos.” Nair Silva, Comunidade Quilombola de Marinhos.

Muitos outros projetos foram contemplados pelo Edital, as lideranças responsáveis por eles já assinaram os contratos, os recursos solicitados para a realização das propostas já foram repassados e muitas comunidades apoiadas já começaram as atividades de seus projetos. O crime-tragédia cometido pela mineradora Vale S.A. em Brumadinho ainda está muito longe de ser integralmente reparado e a justiça ainda não foi feita, mas a iniciativa do Edital Juntos por Brumadinho certamente têm contribuído para a construção de um outro caminho na bacia do Paraopeba, protagonizado pelo povo e totalmente desconexo da lógica perversa da mineração. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Momento durante a assinatura dos projetos aprovados

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Líderes das comunidades assinando contratos para projetos aprovados.

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